sábado, 15 de dezembro de 2012

O massacre das crianças e o mito da segurança pelas armas


O massacre de 20 crianças na cidade de Newtown no estado norte-americano de Connecticut traz novamente à tona o peso que a existência e abundância de armas poderosas exerce na sociedade norte-americana que vive imersa numa cultura baseada nas armas. E mais uma vez o assassino não é alguém que pode ser rotulado facilmente por ser branco e viver numa área que não é marcada pela pobreza ou pela violência.

O aparecimento lacrimoso de Barack Obama pode funcionar para o público das grandes empresas de mídia, mas não chega nem perto do problema. E a questão é clara: a existência de 350 milhões de armas, a maioria delas legalmente adquirida, nas mãos de todo tipo de pessoa, o que torna a sociedade norte-americana um viveiro de massacres.  

E apesar deste massacre ser apenas um ponto no interminável trajeto de massacres é provável que nada será feito para dificultar a venda de armas nos EUA. A indústria de armamentos é poderosa demais para ser contida pela ocorrência de massacres, e o principal expoente deste esquema é a chamada National Rifle Association (Aqui!). Além disso há que se lembrar que o lobby das armas dentro do congresso norte-americano conta com deputados e senadores de ambos os partidos, e estes congressistas não vão se sensibilizar pelas lágrimas de Obama.

E como ficamos no Brasil? Dadas as evidências de que estamos sendo inundados por armas vindas de Miami através do contrabando, e também temos um poderoso lobby de armas atuando no congresso e na mídia corporativa, a única diferença é que aqui a imensa maioria dos mortos é composta por negros pobres. Assim, todos os massacres diários que ocorrem em comunidades periféricas passam despercebidas. Agora que estamos vivendo sob o espectro de massacres semelhantes ao que ocorreu em Newtown é mais do que uma possibilidade.  A coisa é que simplesmente não chamam a atenção e, em muitos casos, são vistos como necessários para manter a paz da pequena parcela da população que vive encapsulada em suas mansões dentro de condomínios fechados.