sábado, 22 de setembro de 2012

CARLOS ALBERTO CAMPISTA, A GRANDE SOMBRA QUE PAIRA SOBRE UMA OPOSIÇÃO COM SÍNDROME DE LILIPUT



Quando Carlos Alberto Campista foi eleito não o fez com o meu voto. Naquela eleição, contudo, era possível sentir a eletricidade que só o anseio de mudança pode gerar num povo. Caminhar pelo centro de Campos era uma experiência interessante, pois se sentia no ar que Campista iria ganhar a eleição meses antes do pleito ocorrer.  E o interessante é que hoje, do alto dos altíssimos índices de aceitação popular e de  intenção de votos, a senhora dona prefeita Rosinha Garotinho não desperta essa atmosfera. Pelo contrário, quem caminha pelas ruas do centro como eu sempre faço, nota algo que transparece ser um ar envergonhado nas faces de muitos que certamente votarão nela. É que pelas ruas apertadas da região central caminham aqueles que no seu cotidiano têm de conviver com o mundo real dos bairros periféricos, onde a propaganda rosa que pula ruidosa das TVs e dos rádios é pulverizada pela realidade cruel dos esgotos que vazam a céu aberto e dos canos de água que, quando muto, só trazem o líquido prometido por poucas horas a cada dia (e a preços que a maioria sequer pode pagar).

A vergonha disto tudo é que se Carlos Alberto Campista tivesse sido defendido devidamente contra um processo de cassação para lá de estranhíssimo, ele poderia até não ter sido o prefeito do sonho de seus eleitores ou mesmo daqueles que não votaram nele. Mas todas as ações que se seguiram à sua cassação mostram que Carlos Alberto Campista é uma pessoa de caráter. Pode ter lá seus defeitos e manias, mas sem caráter ele mostrou que não é.  E isto no contexto atual da politica municipal não é algo trivial, muito pelo contrário: é um bem extremamente raro.

E onde estava essa oposição que hoje se encaminha para uma fragorosa derrota? Quantos defenderam o direito de Campista exercer seu mandato? Aliás, quantos não contribuíram para uma curiosa unanimidade em torno da manutenção de sua cassação?  E há que se lembrar que de lá para cá, ainda tivemos o incrível episódio da compra de votos com cheques sem fundos e cartões de crédito a R$ 50, que acabou sem que os mentores do esquema fossem sequer incomodados.

O mais trágico é que a cassação de Carlos Alberto Campista se deu por causa de uma denúncia feita por um cabo eleitoral do candidato Geraldo Pudim.  Por onde andará a pessoa que fez a denúncia? Que faz ele da vida nesses dias pré-eleição? Eu não ficaria surpreso se aquele que fez a denúncia esteja hoje fazendo campanha para Rosinha Garotinho. Afinal de contas, esse tipo de profissional (o cabo eleitoral profissional) acaba sendo mais fiel do que muitos que se aprochegam em momentos de vitória, apenas para exercer o papel de Judas no momento em que algum cargo, por menor que seja, é oferecido. Aliás, quantos dos secretários de Carlos Alberto Campista ocupam hoje algum cargo comissionado sob a batuta de Rosinha Garotinho?

Quero notar que não faço parte do círculo de amigos de Carlos Alberto Campista, e com ele apenas troquei poucas palavras ao longo dos anos, normalmente em encontros casuais pelos ruas ou em pontos de parada ao longo da BR-101.  A única razão desta postagem é porque continuo notando um silêncio sepulcral em torno do episódio de sua cassação. Se não for por nada, isto me parece indicador de que ele é um personagem que merece ser mais bem estudado. Afinal, nunca antes da política municipal houve um personagem que foi tratado de forma tão ignóbil,  tanto  pela situação como pela oposição.