sexta-feira, 31 de agosto de 2012

PEQUENO DETALHE QUE O GENERAL ESQUECEU: O USO DAS FORÇAS ARMADAS NA SEGURANÇA PÚBLICA É INCONSTITUCIONAL


A notícia abaixo é uma daquelas coisas incríveis que só o jornalismo (?) das organizações GLOBO pode traduzir, e foi publicada na coluna do Ancelmo Góis. Ai aparece de forma cândida e pura, a possibilidade de que as forças armadas brasileiras continuem a serem usadas, de forma inconstitucional, na repressão policial dentro de comunidades pobres brasileiras.

Esse tipo de postura de aceitação tácita da violação dos preceitos constitucionais é um verdadeiro ovo da serpente. Daqui a pouco periga as forças armadas não terem que ser chamadas para "promover a ordem pública",  resolvendo fazer isto por conta própria. Aliás, repetindo como já fizeram tantas vezes desde 1889, sendo que a última vez foi em 1964.

General Adriano: Exército está pronto para promover a ordem pública

Após deixar o cargo de comandante militar do Leste, o general Adriano Pereira Júnior afirmou agora à noite que os dois maiores legados de sua gestão foram a criação de uma sala de coordenação e controle para grandes eventos, de Primeiro Mundo, e a comprovação de que o Exército tem condições técnicas e pessoal capacitado para trabalhar na questão da ordem pública, "quando necessário, de forma episódica". O oficial -- que agora vai chefiar a área de logística do Ministério da Defesa -- afirmou que o sucesso da organização da Rio+20 confirma que o Estado do Rio está preparado para a realização de grandes eventos.

Em solenidade de transmissão de cargo -- presidida pelo comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, e com a presença do ministro da Defesa, Celso Amorim, e do governador Sérgio Cabral -- assumiu o posto de comandante militar do Leste o general Francisco Carlos Modesto, de 60 anos, 44 dos quais no Exército. O general Modesto disse que o Exército está pronto para cumprir qualquer missão designada pelo comando da força, por determinação da presidência da República, ao ser indagado se os militares podem voltar a participar de forças de pacificação na cidade.

Após a solenidade, o novo comandante militar do Leste, general Modesto disse que há possibilidade de avanço na integração entre os serviços de inteligência do Exército e dos órgãos de segurança pública do Estado do Rio, a despeito do envolvimento de agentes da lei com a corrupção e o crime organizado.

-- Não podemos condenar toda uma instituição por causa do erro de alguns. Esses têm que ser isolados e punidos na forma da lei -- afirmou o general, que atuou na área de inteligência como assessor do Centro de Inteligência do Exército (CIE).

Em seu discurso, o general Adriano agradeceu a colaboração da imprensa durante sua gestão e em todas as grandes operações do Comando Militar do Leste -- com a pacificação dos complexos da Penha e do Alemão, assim como a segurança da Rio+20 e os trabalhos de resgate de vítimas das chuvas, que atingiram a Região Serrana, no ano passado.

-- Unidas, as instituições têm o poder de recuperar o que às vezes aparentar ser irrecuperável -- afirmou o general, a um grupo de jornalistas, após a cerimônia, realizada no salão nobre do Palácio Duque de Caxias, onde funciona a sede do Comando Militar do Leste, no Centro do Rio.

A coordenação pelo Exército da segurança de grandes eventos tem sido alvo de polêmica dentro do governo. Uma corrente defende que o comando fique com o Exército, enquanto que outras são favoráveis que a coordenação seja feita pelo Ministério da Justiça, com a Polícia Federal. A greve dos policiais federais fortaleceu a posição favorável ao comando ficar com o Exército.