quarta-feira, 30 de maio de 2012

UFF debate impactos do Porto do Açu aos pequenos agricultores

por Ana Maria Costa

O que sobrou da roça de Seu Totonho após a destruição

Dentro da programação da VII Semana Acadêmica da Graduação em Serviço Social, foi realizada no dia 16 de maio na UFF de Campos a mesa redonda com o tema: V DISTRITO DE S. J. DA BARRA: IMPACTOS E VIOLAÇÕES DE DIREITOS DOS PEQUENOS AGRICULTORES E PESCADORES DO AÇU/SJB/RJ.

O evento teve a participação dos camponeses do Açu e da ASPRIM, alunos e professores da UFF e das demais universidades de Campos; representantes de Movimentos sociais e da comunidade em geral e foi marcado pela indignação e pela emoção dos que ali estiveram.

Com um depoimento em que valoriza a terra enquanto bem natural e como um instrumento de trabalho que garante ao ser humano a sua alimentação, autonomia e liberdade, o Seu Pinduca, camponês, residente em Água Preta/Açu, despertou na platéia um sentimento de revolta e ao mesmo tempo e de solidariedade. Destacou também, a necessidade de que os trabalhadores do campo e da cidade se unam para impedir que as atrocidades acometidas pelo Eike Batista/LLX e pelo Sergio Cabral/CODIM a todos aqueles camponeses e pescadores, continuem a acontecer.

 
 
As desapropriações/expulsões que vem ocorrendo de forma violenta contra os trabalhadores, ignorando se os mesmos são: idosos, mulheres e crianças, no momento de retirá-los das suas casas, para em seguida, essas mesmas casas e todas as plantações serem destruídas por máquinas que mais parecem monstros. Estas ações que tentam destruir as possibilidades de enfrentamento e resistência dos atingidos pelo empreendimento, têm contribuído ao contrário, para mobilizá-los e fortalecê-los.

Construído como mais um instrumento que possa contribuir para ampliar, aprofundar e dar mais visibilidade as questões vivenciadas pelos camponeses e pescadores do Açu, o seminário também permitiu a troca de saberes entre a academia e a comunidade, fazendo com que a universidade pública, pudesse cumprir um dos seus deveres, que é abrir as suas portas para que a sociedade e neste caso, os camponeses e pescadores tivessem a oportunidade de expor a sua história, as suas demandas e denunciarem os conflitos e as desigualdades, que este modelo de desenvolvimento, no caso, desses grandes empreendimentos, são capazes de produzir.


A roça de seu Totonho antes de ser destruída. A casa ao fundo foi demolida

Ao tornar público todas as arbitrariedades e injustiças por eles vivenciadas e que tem sido praticada pelo Estado e pelas suas relações promíscuas com a iniciativa privada, esses sujeitos trazem a tona um conjunto de instrumentos que estão sendo utilizados no processo de efetivação do direito de resistência, entendido como um dos Direitos Humanos, legitimados e que se compreende que é através da resistência que o cidadão pode se opor a atos que contrariam a justiça.

O Açu está localizado em São João da Barra, norte do estado do Rio de Janeiro e a construção do Porto do Açu, empreendimento logístico da empresa LLX, pertencente ao Grupo EBX, de Eike Batista, vem transformando de forma violenta, não apenas as características naturais dessa região, mas principalmente a vida daqueles moradores. O porto integra o Complexo Industrial Portuário do Açu – CIPA, empreendimento concebido como um condomínio industrial composto por indústrias siderúrgicas, unidades petroquímicas, cimenteiras, montadoras de automóveis, usinas termoelétrica, além de um mineroduto de 525 km ligando a mina de ferro do grupo MMX no município de Alvorada, MG, ao Complexo Industrial.
FONTE:  http://mstrio.casadomato.org/uff-debate-impactos-do-porto-do-acu-aos-pequenos-agricultores/