sábado, 29 de outubro de 2011

A POLÍCIA DENTRO DA USP: O ESPECTRO IDEOLÓGICO DA DITADURA DE 1964 PAIRA SOBRE NÓS

O assassinato de um estudante no campus principal da Universidade de São Paulo deu ao seu reitor, João Grandino Rodas, uma oportunidade impensável em outros tempos: autorizar a presença de contingentes da Polícia Militar paulista para realizar uma espécie de policiamento mais intensivo. Que se diga a favor do reitor Rodas que ele não simplesmente baixou um decreto imperial para fazer isto, mas teve apoio de parte significativa das lideranças institucionais, inclusive o egrégio Conselho Universitário da USP.

Agora passados poucos meses da instalação espécie de UPP universitária, o conflito explodiu a partir de um ato supostamente prosaico: a detenção de três estudantes que estavam fumando maconha num gramado próximo da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Mais do que rapidamente a imprensa, o governo de São Paulo, a reitoria e até muitos estudantes da USP tentam pintar o incidente como sendo a reação de uma minoria de radicais contra algo que a maioria quer. 

Mesmo que se aceite a versão de que a maioria quer a PM policiando a USP, algumas perguntas podem ainda ser feitas a todos os apoiadores desta medida:

1. qual é o índice de crimes em geral da USP em relação ao restante da cidade de São Paulo?
2. os contigentes policiais sendo utilizados na USP foram treinados para interagir com um ambiente acadêmico onde estas forças não são necessariamente bem aceitas?
3. por que a USP não realiza concursos públicos para aumentar o que se convencionou chamar de vigilância universitária? Aliás, quando foi que se fez o último concurso para contratar servidores desta área na USP?
4. se a PM está no campus da USP para "proteger" a sua comunidade universitária, em que aspecto a repressão ao uso de maconha isso se insere?

O mais fascinante nisto tudo é notar que apesar de terem se passado mais de um quarto de século após o término formal do regime militar, ainda tenhamos um peso tão brutal de sua dominação ideológica dentro da direção de uma das melhores universidades do mundo. Se a USP, está assim. que dirá do resto.