sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Brasileiros aderem a chamado de mobilização global dia 15


Chamados a participar de uma mobilização mundial, jovens brasileiros resolveram aderir e adaptar os eixos internacionais à realidade do país. A convocatória veio da Espanha, dos movimentos que levantaram a bandeira da “democracia real já” e protestam contra os efeitos da crise econômica. Os protestos também se referenciam em movimentos de outros locais como Grécia, Chile, Estados Unidos e países do Oriente Médio, que de maneiras distintas estão realizando manifestações massivas. 

Segundo o site http://15october.net/es/, atividades públicas já foram marcadas neste dia em 951 cidades de 82 países de todos os continentes. De maneira genérica, a mobilização global centra fogo no que parece coincidir em vários desses levantes: a crítica aos regimes políticos e ao modelo econômico.“Unidos em uma só voz, faremos saber aos políticos e às elites financeiras a quem eles servem, que agora somos nós, as pessoas, quem decidiremos nosso futuro”, afirma o chamado. E completa: as pessoas não são “mercadorias nas mãos de políticos e banqueiros”, e estes, por sua vez, não os representam.No BrasilA partir de uma garimpagem na internet, é possível descobrir as cidades brasileiras que planejam atividades. O site www.democraciarealbrasil.org/aponta 41 locais com eventos divulgados no site do Facebook. O número de pessoas confirmadas, apesar da pouca precisão desta fonte de informação, passa de 11 mil.Cada cidade está organizando de maneira independente suas mobilizações. 

Em São Paulo, o grupo que está se reunindo há quase um mês anunciou um acampamento no Vale do Anhangabaú. Está prevista a concentração a partir das 10 horas do sábado, seguida de uma passeata até o local de instalação das barracas. Lá, ocorrerão grupos de discussão sobre educação, meio ambiente, saúde e transporte, debates com o tema “o que é democracia real”, atividades culturais e assembleias organizativas.O manifesto paulista, além de situar os levantes no mundo, critica a desigualdade social como “principal marca deste país, desde que ele existe como tal”. 

O material também afirma que o movimento é auto-organizado, autofinanciado, autônomo de empresas, Estado, governos e partidos políticos, apesar de contar com participantes de algumas organizações.As bandeiras elencadas refletem também as manifestações ocorridas durante todo o ano. A quantidade de vezes que esses movimentos saíram às ruas demonstra algumas mudanças também no cenário nacional. Só em 2011 foram realizadas marchas contra o aumento das passagens de ônibus, do dia internacional de luta da mulher, contra a homofobia, da maconha, da liberdade, das vadias, contra Belo Monte, contra o novo Código Florestal, da consciência negra, contra corrupção, do Fora Ricardo Teixeira, entre outras. A maioria delas aconteceu em 10 cidades, sendo que se chegou a atingir 40 locais diferentes, com números de participantes acima do que não se via há algum tempo.As ocupações também foram instrumentos mobilizadores. Em São Paulo, a ocupação da Fundação Nacional das Artes (Funarte), com o lema “é hora de perder a paciência” se destacou.

 Por pautas específicas e pelo investimento de 10% do PIB para educação pública, o movimento estudantil realizou ocupações de reitorias na onda das greves dos técnico-administrativos na UFPR, UEM, UFSM, UFSC, UFRB, UFAL, UFMT, UnB, UFES, UFRGS, UFAM, UFRJ, UFF, com conquistas pontuais. No sindicalismo, algumas outras categorias como trabalhadores da construção civil, do Correios e bancários também fizeram grandes greves. As organizações políticas, os protagonistas e as pautas de todas essas mobilizações não estão concentradas em um único programa. O 15 de outubro é, no entanto, uma evidência que mesmo diante das incertezas dos desdobramentos da crise econômica mundial, parte da população está se organizando para buscar respostas coletivas, nas ruas.