sábado, 15 de outubro de 2011

BRASIL GLOBALIZADO AGORA VIROU DESTINO ATÉ DE LIXO HOSPITAL DOS ESTADOS UNIDOS


Uma das maiores qualidades do Capitalismo é transformar tudo em mercadoria, não deixando nada de fora do ciclo de seus ciclos de produção e reprodução. Ao mesmo tempo, como o mercado (nas palavras do mega-especulador George Soros) é amoral, caberia ao Estado regular aquilo que pode, e como pode, entrar nestes ciclos.  No entanto, a atual divisão internacional do trabalho (DIT) é perfeitamente desigual, o que faz com que determinados Estados e seus governos não tenham a capacidade, ou sequer a vontade, de restringir a circulação e a comercialização de determinados produtos que nas economias centrais estão proibidos de permanecer como parte ativa da economia.

Neste sentido, o caso abaixo mostrado em uma série de reportagens do Jornal Folha de São Paulo é prova cabal de que o Brasil está definitivamente inserido nas áreas de sacrifício do capitalismo, onde qualquer coisa pode entrar para gerar alguns trocados para as corporações multinacionais.

O pior é que estes sub-produtos da reprodução capítalista são injetados sempre nas regiões mais precárias, onde os pobres são ainda mais vitimizados pelo modelo de acumulação vigente. 

Assim, nada mais exemplar sobre o caso brasileiro, o seu modelo de inserção no capitalismo, e a capitulação do PT à ordem burguesa, de que termos lixo hospitalar norte-americano sendo vendido na região nordeste. 

Vamos ver se a nossa presidenta (sic!) vai pedir que joguem duro com os importadores como fez com o caso das negociações para colocar fim às greves em curso!


Lençol de lixo hospitalar dos EUA é revendido no Brasil

FÁBIO GUIBU
ENVIADO ESPECIAL A SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE (PE)

Lençóis com nomes de hospitais dos EUA, semelhantes aos encontrados nesta semana pela Receita Federal no porto de Suape e classificados como lixo hospitalar, são vendidos por quilo em Santa Cruz do Capibaribe, a 205 km de Recife, em Pernambuco.

A Receita apreendeu dois contêineres, na terça e na quinta, com 46 toneladas de resíduos hospitalares vindos dos EUA que eram descritos em documentos como "tecido de algodão com defeito".

Nos compartimentos, no entanto, foram encontrados lençóis manchados de sangue e seringas entre outros.
O material é proibido de entrar no país e oferece risco à saúde. Especialistas dizem que lençóis só podem ser reaproveitados após rigoroso processo de esterilização.

Neste ano, a mesma importadora já havia trazido para Pernambuco outros seis carregamentos, que não foram retidos na fiscalização.

SALDÃO NO AGRESTE

A Folha esteve ontem na cidade do agreste pernambucano para onde seriam levados os detritos importados apreendidos. Lá, comprou na loja de tecidos e retalhos Império do Forro de Bolso, sem se identificar, nove lençóis.
Três peças têm nomes de hospitais ou entidades americanas impressos no tecido. Uma tem a mesma origem de parte do material apreendido no porto, o Hospital Central Services Cooperative.
No total, a Folha comprou 4,1 kg de lençóis, a R$ 10 o quilo. Funcionários da loja alegaram "problemas no sistema" para não entregar nota fiscal nem recibo. Depois de conversarem ao celular, eles fecharam o local.

A loja fica em uma das principais avenidas de Santa Cruz do Capibaribe, cidade com 87,5 mil habitantes em 2010, segundo o IBGE. Os lençóis e fronhas estavam amontoados no chão. Tecidos para fazer forros de bolso eram vendidos, a R$ 8,75 o quilo.

Várias peças das roupas de cama tinham manchas.

Um dos lençóis comprados pela Folha traz a inscrição "Baltimore Washington Medical Center University of Mariland Medical System".

Outro tem inscrição dizendo que não pode ser vendida: "Property - not for sale".

Entre os lençóis sem inscrição, quatro têm etiquetas do fabricante. Dois deles são da americana Medline Industries Inc.. Há lençóis fabricados em outros países.

Após verificar a mercadoria, às 11h20, a Folha voltou à loja, mas ela continuava fechada. À tarde, ninguém atendeu ao telefone. A Receita diz que visitará a cidade, mas não especificou a data.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1510201101.htm