sexta-feira, 16 de setembro de 2011

E AGORA CÉSAR MAIA? CENTRO-ESQUERDA VENCE ELEIÇÕES NA DINAMARCA E COLOCA MULHER PARA LIDERAR O PAÍS PELA PRIMEIRA VEZ

Apesar de não compartilhar as idéias políticas do ex-prefeito César Maia, considero-o um analista político inteligente.  Nas últimas semanas, com base em eleições realizadas na América Latina, Maia andou notando a ocorrência de uma suposta "onda azul"  que seria caracterizada por vitórias de partidos de direita. Esse foi o caso da recente eleição na Guatemala onde a direita se debatia com a direita para ver quem continuaria governando aquele país centro-americano.

Pois bem, não é que agora bem no coração da União Européia uma coalizão azul que se mantinha no poder por uma década foi apeada do poder para dar lugar a uma de centro-esquerda?  De quebra, a Dinamarca vai ser governada pela primeira vez em sua história por uma mulher, Helle Thorning-Schimidt, do Partido Social-Democrata.

Quando estive na Dinamarca no final de 2006 pude notar bem de perto os efeitos do governo de direita sobre as liberdades democráticas e o acesso de imigrantes a direitos básicos garantidos pelas leis dinamarquesas. Graças a esta persistente ação anti-operária e anti-imigrante, a Dinamarca possui hoje umas das legislações mais restritivas aos direitos dos trabalhadores migrantes de todo o bloco europeu.

Felizmente parece que agora os dinamarqueses decidiram que hora de mudar, ainda que bem pouco.  E agora César Maia, como ficamos em torno de onda? Azul, vermelha ou cor de rosa?



Oposição de centro-esquerda vence eleição na Dinamarca
Dados oficiais parciais indicam vitória do Bloco Vermelho; atual premiê reconhece derrota e deixará cargo na sexta

A oposição de centro-esquerda venceu as eleições parlamentares nesta quinta-feira na Dinamarca, segundo dados oficiais parciais. O primeiro-ministro do país, Lars Lokke Rasmussen, reconheceu a derrota e disse que vai deixar o cargo na sexta-feira.

"Mais cedo esta noite liguei para (a chefe da oposição) Helle Thorning-Schimidt. A cumprimentei e disse que ela tem agora a possibilidade de formar um novo governo", disse Rasmussen, diante de seus eleitores.

Em entrevista à emissora TV2 News, Rasmussem acrescentou que vai entregar sua renúncia à rainha na sexta. "Não há mais base para continuar o governo", concluiu.

Rasmussem também disse que "entregou as chaves do Parlamento" para Schimidt. "E querida Helle, tome bastante cuidado com elas. Você só está as pegando emprestado", ironizou.

Com a vitória do Bloco Vermelho, Helle Thorning-Schimidt será a provável premiê, a primeira mulher a ocupar este posto na Dinamarca. Segundo dados oficiais publicados, após a contagem de 99,2% dos votos, o bloco de esquerda tinha 89 das 179 cadeiras do Folketing, contra 86 para o bloco de direita de Rasmussen, há dez anos no poder.

"Nós conseguimos. Hoje, nós fizemos história", afirmou Thorning-Schimidt para seus partidários.

Esses resultados não incluem os quatro assentos reservados aos territórios autonômos da Groenlândia e Ilhas Feroe, que podem inclinar aritmeticamente a maioria absoluta para um lado ou para o outro. No entanto, segundo a imprensa dinamarquesa, os observadores e a experiência de eleições anteriores indicam que devem fortalecer o avanço da esquerda.

A situação econômica foi a questão principal da campanha, com os partidos da coalizão governista, como outros na Europa, sob pressão diante da pior crise no continente desde a Segunda Guerra Mundial.

A Dinamarca foi poupada de muitos dos traumas sofridos pelos países do oeste europeu, porque continua fora da zona do euro. Isso significa que ela não está envolvida no resgate de países endividados como a Grécia, uma questão que provocou a ira popular na vizinha Alemanha.

Mas a crise econômica transformou o saudável superávit dinamarquês em déficit, que deve subir para 4,6 por cento do PIB no próximo ano.

* Com AP, AFP e Reuters