quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Assessoria da campanha de Cabral ganhou sem licitação 


ITALO NOGUEIRA 
DO RIO 


Contratada nas duas campanhas vitoriosas de Sérgio Cabral Filho (PMDB) a governador, a FSB Comunicação e Planejamento Estratégicos recebeu R$ 17,6 milhões entre 2007 e 2010 como subcontratada das agências de publicidade contratadas pelo governo do Rio. Os repasses foram feitos sem licitação. 

Esse valor representou 69,3% do total repassado às dez empresas de assessoria de imprensa subcontratadas para atender o governador e as 23 secretarias estaduais. 

As cinco agências de publicidade que atendiam ao governo neste período firmaram contrato, após licitação, com um custo estimado em R$ 100 milhões anuais. 

Com esse valor, elas criavam e executavam as campanhas publicitárias, mas terceirizavam outros serviços de comunicação, como o de assessoria de imprensa. 

Oficialmente, a escolha das empresas terceirizadas fica a cargo das agências de publicidade contratadas. 

O governo do Estado e a FSB negaram vínculo entre a concentração de gastos e a atuação na campanha. 

A empresa participou das campanhas por meio do braço de marketing político do grupo -a RP Brasil Relações Públicas. Ela recebeu de Cabral R$ 706 mil em 2010 e 2006 pela assessoria de imprensa do então candidato. 

De acordo com o governo, a empresa recebeu mais por atender diversas secretarias, enquanto as demais prestavam o serviço para apenas uma pasta cada. 

De 2007 a 2010, o repasse à FSB mais que triplicou. Enquanto no primeiro ano de governo a empresa recebeu R$ 2,8 milhões, no último da primeira gestão Cabral foram R$ 6,9 milhões. 



LICITAÇÃO 

Neste mês a Subsecretaria de Comunicação Social encerrou uma licitação específica para assessoria de imprensa, a fim de acabar com as terceirizações no setor 

A FSB ganhou a disputa e passará a ser a responsável por todas as pastas do governo. Foi assinado contrato de um ano com teto de gasto de R$ 18 milhões anuais. 

De acordo com o governo, o valor inclui a subcontratação de outras empresas para serviços específicos, que consome cerca de um terço do contrato. 

Apenas a CDN, que não foi subcontratada nesse período para atender ao Estado, também disputou a licitação. Ela fez questionamentos ao edital de licitação, mas não contestou judicialmente o resultado final. 

A licitação atende à lei 12.232, aprovada no ano passado, que diminui a terceirização de serviços de comunicação e exige licitação separada para cada tipo. 

A legislação foi criada após o escândalo do mensalão, que envolveu os repasses de agências de publicidade a subcontratadas. O Rio foi o primeiro Estado a fazer licitação em separado.